Debate traz a história do Brasil que não é contada

O último dia do Novembro da Consciência Negra e encerrado com diálogos sobre a formação da sociedade brasileira/Foto: Leandro Alves

Por Luisa Macaron

A mesa de encerramento do Novembro da Consciência Negra da Fumec reuniu representantes dos povos negros, indígenas e brancos para um diálogo que busca a compreensão de como a sociedade brasileira foi formada e da racialização dos povos envolvidos. O evento foi realizado no auditório Phoenix, no prédio da Faculdade de Ciências Humanas, Sociais e da Saúde (FCH), na última quinta-feira (13), às 19h.

Intitulado A história que a história não conta: diálogos sobre a formação da sociedade brasileira, o debate teve a mediação do doutor em psicologia, especialista em segurança pública e sistema de justiça criminal Alessandro Pereira dos Santos, e a participação da estudante de direito Karine Waridã Xakriabá e do psicanalista e pós-doutor em psicologia Fídias Gomes Siqueira.

Santos abriu o debate apresentando o enredo “História para ninar gente grande”, da escola de samba Estação Primeira de Mangueira, lançado em 2019. “Desde 1500 tem mais invasão do que descobrimento; Tem sangue retinto pisado; Atrás do herói emoldurado; Mulheres, tamoios, mulatos; Eu quero um país que não está no retrato”, diz a letra do samba-enredo.

Karine Xakriabá disse que sentiu uma grande diferença com a vinda à capital Belo Horizonte. Os povos Xakriabá hoje habitam a cidade de São João das Missões, no Norte de Minas Gerais. “A forma como as pessoas percebem o tempo é diferente, a forma como as pessoas tratam os outros também”, afirmou.
Em entrevista ao portal Conecta, a representante dos povos originários ressaltou a falta de visibilidade dos indígenas. “A população civil já nega a existência dos povos indígenas, mesmo sabendo que a gente, no Brasil, tem a maior população indígena do mundo. Esse é um projeto de governo, até porque os nossos territórios contêm as riquezas que eles mais desejam explorar”, disse Karine.

O psicanalista Fídias Gomes Siqueira, autor do livro “Racismo Cínico: perspectivas psicanalíticas e as trilhas do gozo racista”, levantou um ponto para o debate da mesa. “Porque um homem branco pesquisa racismo?”, questionou Siqueira, ressaltando a importância da consciência antirracista para a construção de uma sociedade justa.

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