Projeto Comprova combate desinformação de forma colaborativa

Por Júlia Almeida e Lucas Silva

Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), notícias falsas circulam 70% mais rápido do que as verdadeiras. O impacto da circulação dessas informações pode ser observado em eleições pelo mundo quando são utilizadas para desvirtuar a opinião pública. Neste contexto, o papel social do jornalismo é fundamental no combate à desinformação, como pode ser verificado em iniciativas na área, a exemplo do Projeto Comprova.

O Comprova reúne jornalistas de 41 veículos de comunicação, com o objetivo de identificar e enfraquecer sofisticadas técnicas de manipulação e disseminação de conteúdo enganoso em sites hiperpartidários, aplicativos de mensagens e redes sociais.

Atualmente, Sérgio Lüdtke é seu editor-chefe. Graduado em Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), possui MBA em Marketing Digital pela Fundação Getulio Vargas (FGV).  O jornalista foi editor da revista Época e da Época Online, diretor executivo da Interatores, coordenador de pesquisa do Projor, consultor associado do 3RED, coordenador acadêmico na ABRAJI e dentre outras empresas de comunicação.  

Confira artigos de Lüdtke publicados no portal do Observatório da Imprensa:

Atlas da Notícia identifica redução de desertos e liderança do jornalismo no Brasil

O avanço do digital nos desertos de notícias.  

Fake news e crosschecking

O termo fake-news é utilizado popularmente para designar notícias falsas ou imprecisas, mas expressa um paradoxo. Se é notícia, é possível ser falso? Lüdtke explica que o Projeto Colabora busca fugir do uso deste termo. “A gente não deve admitir essa justaposição de termos, se é notícia ela não é falsa”. 

Segundo o dicionário Cambrige, fazer crosscheking é certificar-se de que uma informação  ou cálculo está correto, perguntando a uma pessoa diferente ou usando um método de cálculo diferente. A técnica que direciona o trabalho do Projeto Comprova é realizada em colaboração mútua.

Lüdtke conta que neste processo participam jornalistas de diferentes veículos de comunicação e adecisão final é tomada em conjunto. “A gente sempre vai na discussão, até o final, buscando um consenso”, conta. “Se não houver consenso, a gente arquiva”. Ele destaca que o consenso é regra. “Se a gente não consegue encontrar consenso entre nós, imagina como isso vai chegar para o público”. A participação é voluntária. “O modo de gestão do Comprova é bem interessante. Ele é absolutamente horizontal, tudo é consenso.

“As pessoas têm liberdade para propor coisas, para questionar coisas”. Para o editor, ao fazer isso, elas trazem as diferentes culturas de redação. O ambiente é muito rico e acaba funcionando como um “acelerador de carreira”. 

Forma e conteúdo

A presença de profissionais de diferentes culturas e manuais de redação exigiu que o Comprova desenvolvesse uma estrutura fixa. Lüdtke conta que é uma forma de expressar a  personalidade do conteúdo e garantir a presença dos valores da iniciativa.

Postagem padrão no Comprova  Fonte: Comprova.com

O recém nomeado presidente do Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo (Projor) explica que existe um equilíbrio entre as técnicas de ranqueamento e o conteúdo. “A gente precisa levar em conta as questões de SEO por que elas são importantes na performance e a gente disputa um espaço e atenção dos leitores, então, se pudermos trazer as palavras-chave, desde que isso não desvirtue o título, eu acho que é importante”, esclarece Lüdtke.

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