Mateus Schiestl: “videorreportagem é porta de entrada para quem está começando no jornalismo”

Videorrepórter e produtor da Rede Minas de
Televisão, Mateus Schiestl |Foto: Reprodução LinkedIn

Por Anna Clara Monteiro, Audria Carolina, Gabriela Carmo e Guilherme Godoi

As mídias sociais causaram impacto direto na produção de notícias e reportagens, abrindo portas para os profissionais videorrepórteres. Além de desempenharem o papel de repórteres, eles atuam como cinegrafistas, pauteiros e, muitas vezes, editores. O videorrepórter e produtor da Rede Minas de
Televisão, Mateus Schiestl , atua nos programas Palavra Cruzada, Profissão Futuro e Agenda. Ele ressalta na entrevista a seguir a importância dos jornalistas se adequarem a essa nova forma de produzir reportagens, que exige o conhecimento em mídias sociais e tecnologias da comunicação.

Conecta: O que define uma videorreportagem e como ela se diferencia das reportagens tradicionais?

Mateus Schiestl: A videorreportagem é muito nova no jornalismo, apesar de ser
uma tendência. Vocês já devem ter estudado Henry Jenkins que fala sobre a web; a chegada da internet e redes sociais. Havia uma previsão de que muita coisa iria mudar, acontece que esse ambiente da internet iria dominar o mundo e, no
jornalismo, não foi diferente. A diferença para o jornalismo tradicional é que hoje o
jornalista tem autenticidade e autonomia para fazer tudo, assim como no início da
chegada das mídias sociais, para chegar na videorreportagem, tem esse caminho das
mídias. A questão de o celular chegar na mão do pessoal da redação, por exemplo, ir para uma pauta já aconteceu com alguns jornalistas, eles tuitarem o que estava acontecendo na pauta e a televisão passar isso. Ou então da produção falar: “capricha nas informações que você está postando aí, que vamos colocar na TV, no jornal”. Então estava acontecendo esse movimento e junto com as mídias vem praticidade, veio essa autonomia de produzir o seu próprio conteúdo. Os jornalistas foram ficando autônomos. Eu conheço jornalistas que são pessoas jurídicas em algumas emissoras, não estão lá diariamente na redação de jornal, mas produzem conteúdos específicos, pautas específicas para a televisão. Faz a produção dele, pesquisa a pauta, vai até o local, leva o seu tripé, imagens, entrevistas, faz a sua própria passagem, tudo sozinho. A Rede Minas não contrata mais quem não seja videorrepórter. Você já tem que entrar na redação antenado. Para quem está começando no jornalismo, é a porta de entrada, por isso temos que ter esse cuidado de começar a produzir
conteúdo para redes sociais e ficar atentos a isso.

“O desafio é técnico: um olho na câmera e um na pessoa”

Conecta: Como surgiu seu interesse pela videorreportagem?

M.S: Quando eu entrei na televisão, porque aprendi a fazer imagens legais, a dominar os equipamentos. Na época, comecei a acompanhar um videorrepórter, vi o que ele fazia, os equipamentos, eu aprendi na prática, vendo e assistindo-o fazer. Então não é que não teve interesse da minha parte, porque eu sei que fazer com um cinegrafista é mais confortável, você só se preocupa com a entrevista, com sua passagem, não precisa se preocupar se está difícil. Mas eu abracei esse formato porque era uma necessidade naquele momento.

Conecta: Quais são os principais desafios de fazer uma videorreportagem sozinho, desde a gravação até a edição?

M.S: Eu acho que o desafio é técnico, “se virar nos 30”, você está com um olho na câmera e um na pessoa.


Conecta: Você acha que essa tendência pode substituir ou complementar o jornalismo tradicional?

M.S: Na verdade, não é que ele vai substituir o jornalismo tradicional. Eu acho que as pessoas vão se adequando a esse formato, não é que o jornalismo vai mudar, as pessoas vão mudar a forma de fazer jornalismo. Como eu falei antes, aquele que tem 30 anos de televisão não vai permanecer se não se atualizar,
não pegar o ritmo, porque está chegando uma nova geração que, além de ser ágil, é custo-benefício para a TV, porque não precisa depender de outro profissional. Não vai ter que pagar mais pessoas, só uma. Hoje as estratégias da TV são isso, mas gera desconforto para os tradicionais, eles entendem, mas gera desconforto.


Conecta: Como você lida com o equilíbrio entre ser repórter e, ao mesmo tempo, ser
responsável pela filmagem e produção?

M.S: Faz parte desse processo da videorreportagem. Você tem que ter muita atenção para equilibrar isso tudo, dosar o quanto de imagens precisa, o quanto de sonoras, uma passagem legal, porque você está ali sozinho, fazer uma boa performance como jornalista e fazer tudo direitinho. Eu procuro tentar filtrar tudo que vou fazer para não ter material em excesso, mas basicamente não tem muito segredo, quando você começa a fazer o negócio só vai.

“Videorreportagem não é só o futuro do jornalismo, como já faz parte do presente”


Conecta: Com o avanço da tecnologia e acesso facilitado a equipamentos de
filmagem, você acredita que esse formato é o futuro do jornalismo?

M.S: Com certeza, esse é o futuro do jornalismo. Não só o futuro, como já faz parte do
presente. É algo inovador que veio para
dominar o mercado. Muitas emissoras já estão contratando videorrepórter, já abriram
mão inclusive de quem faz somente uma coisa. Hoje em dia o repórter tem que ser
multitarefas, tem que fazer várias coisas, não só o repórter, mas os jornalistas em geral,
você tem que dominar tudo! Com certeza, esse é o futuro e, para quem está começando, é interessante olhar para esse futuro, é o que o mercado vai pedir aos jornalistas.

Conecta: Quais dicas você daria para os jornalistas diante dessa tendência?

M.S: A minha dica é que os novos jornalistas se inspirem em quem está no mercado
trabalhando dessa forma já, e busquem conhecimento, busquem conhecer o mercado,
conhecer essas inovações em tecnologias. Acho que o segredo é esse, estudar,
buscar, correr atrás, que os melhores vão se destacar. Então você precisa ficar
antenado sempre, e minha dica é se antenem em mídias sociais, dominem as mídias
sociais, dominem a internet, dominem as novas redes, pois o jornalismo vai passar
cada vez mais dentro delas. Tanto é que a gente chegou onde chegou por conta das
tecnologias, da internet que chegou para revolucionar, então esse é o caminho.

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