Fliaraxá 2022 é realizado de forma presencial e virtual após dois anos de pandemia
Por Gabriela de Castro
Entre os dias 11 e 15 de maio, aconteceu o Fliaraxá, festival que celebra a literatura no coração do Triângulo Mineiro. O evento, que teve suas duas últimas edições apresentadas ao público de forma virtual, por conta da pandemia de COVID — 19, pôde finalmente abrir as portas do memorável Grande Hotel, localizado na região do Barreiro, para receber o público que optou por comparecer presencialmente. Apesar disso, o festival adotou ainda o modelo híbrido, tendo algumas palestras realizadas de forma online e todas as atrações transmitidas ao vivo pelo YouTube.
Ainda nessa edição, outra novidade foi a parceria entre o evento e a feira Saberes e Sabores, que promove a gastronomia em Araxá, foi responsável pela praça de alimentação e pela programação musical. Dessa forma, houve uma mistura dos públicos de ambos os eventos, promovendo uma interessante troca cultural.
O Fliaraxá 2022 teve o tema “Abolição, independência e literatura” como ponto central das discussões. Os palcos, com nomes de escritores homenageados, distribuíram — se não somente na região do Barreiro, ponto central do Fliaraxá, mas pela primeira vez na história do evento, ocupou mais de uma região da cidade, já que alguns palcos foram montados no centro de Araxá.
Algumas das principais atrações do Fliaraxá 2022 certamente foram as mesas de conversa e de autógrafos com os escritores Itamar Vieira Junior (escritor homenageado do ano e revelação literária contemporânea brasileira pelo seu livro, Torto Arado), Tom Farias (que atuou também na curadoria do evento) e Jeferson Tenório. Os autores discutiram suas respectivas obras, assim como os impactos da escravidão para o Brasil ainda na contemporaneidade e autores negros reverenciáveis para a literatura brasileira. Itamar Vieira Junior, em fala sobre seu livro, que é hoje um dos mais vendidos no país, evidencia a importância que é, finalmente, ter vozes negras na narrativa de uma história com tanta repercussão: “Nós somos atravessados por quantos coisas? Quantos preconceitos a gente sofre ao longo da vida e quantas coisas que não são aquilo que projetamos acontecem? E é dessa maneira que eu penso que a história vai fluir, quando não foca exatamente no problema, mas sim que as personagens nos levem ao problema”.
Além das mesas que integraram o tema principal a assuntos como pandemia, literatura e jornalismo, o evento contou com oficinas, lançamento de livros de autores independentes, peças de teatro, saraus, roda de capoeira, livrarias e lojas de artesanato, marcando a volta do evento que contribui tanto para a região.
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