Eliane El Badouy: “Metaverso é o ambiente ideal para ajudar as pessoas a realizarem seus sonhos”
Por Larissa Figueiredo
O mundo em que vivemos está cada vez mais “Phigital”, ou seja, as relações sociais refletem a união entre as dimensões física e digital. O Metaverso diz respeito a um espaço coletivo e virtual que começou a ser pensado no início da década de 90, com os jogos de realidade aumentada ainda em 2D que integram elementos virtuais à realidade por meio de câmeras e sensores de movimento.Com o anúncio da empresa Facebook de que as redes sociais do grupo seriam parte do Metaverso, o mercado começou a especular como e quando as marcas deveriam ser inseridas nessa nova realidade.
Eliane El Badouy é publicitária com mais de 30 anos de carreira consolidados em grupos de comunicação, como Editora Abril, Folha de São Paulo e Sony Enterteniment Television. Atualmente, El Badouy é pesquisadora do comportamento, comunicação, mecanismos de atenção e do consumo de mídia do jovem contemporâneo.
No último dia — 21 de abril, durante a 27ª edição do Minas Trend, abordou o impacto do Metaverso no segmento do varejo de moda e mercado em geral e, considerando seu potencial para o setor da publicidade, chamou a atenção para o cuidado com a saúde mental: “Pode ficar desequilibrada, ao buscar cada vez mais aceitação, engajamento”. Leia a entrevista a seguir.
Conecta: O trabalho da publicidade é guiar o caminho para as necessidades dos consumidores sejam supridas. No Metaverso, a realização das necessidades, assim como desejos e ambições do consumidor são mais fáceis de realizar?
Eliane El Badouy: Sem dúvida nenhuma! Necessidade nasce com você, essa ideia a da base da pirâmide de Maslow. Quando você vem para o Metaverso, é o ambiente ideal pra ajudar as pessoas a realizarem sonhos, então o sonho está além do desejo, o Metaverso permite isso, porque você pode ser aquilo que quiser.
Conecta: Como o mercado criativo tem lidado com essa inserção das marcas no Metaverso?
Eliane El Badouy: A gente está vendo que os desafios da área da publicidade, por exemplo da propaganda, é justamente ajudar as marcas a conseguir realizar esse sonho desses consumidores, vivenciar experiências que sejam realmente gratificantes e únicas, que consigam entrar dentro dessa perspectiva.
Conecta: Vivemos em uma era de reprodução de mídias e produtos em massa, principalmente pelo cenário da globalização. O Metaverso tende a trazer mais singularidades e exclusividade como o mercado de NFT’s (Tolkens Não Fungíveis), ou seguiremos pelo caminho da padronização?
Eliane El Badouy: Tudo depende de quem está por trás disso. Se a pessoa, anunciante empreendedor, profissional de marketing entrar “numas” de fazer exatamente aquilo que o principal concorrente dele faz, “Ah, meu concorrente está fazendo assim, ou porque o outro está fazendo assado”, ele vai cair no lugar comum, mas se você aproveitar pra explorar coisas que não foram feitas ainda, sem dúvida nenhuma, vai ser muito legal.
Conecta: Como enxergar essas oportunidades para as marcas no Metaverso?
Eliane El Badouy: Todo mundo está indo pro NFT (Tolken não fungível, um ativo digital exclusivo) do macaco entediado lá no Bored Ape. Será que não tem outras coisas mais interessantes que você possa fazer? As marcas esportivas utilizaram o Bored Ape, mas a Gucci fez isso muito bem. Existem outros universos de influenciadores digitais dentro desse mundo que podem proporcionar NFT’s muito interessantes. Tem um rapaz em Campinas que criou um Jacarezinho e eu disse para ele: “você não vai vender isso para a Lacoste?”
Conecta: Humanização de marcas é positiva para as empresas. Essa conexão tem gerado bons resultados?
Eliane El Badouy: A única coisa que me preocupa um pouco é a saúde mental que pode ficar um pouco desequilibrada quando você vem nesse processo, como a gente está vivendo essa coisa de você buscar cada vez mais aceitação, engajamento, que as pessoas gostem cada vez mais de você, não pode ficar “mega” dependente disso. Do ponto de vista das marcas, é super bacana, oportunidades ímpares que você tem que buscar mesmo, como empresas nós temos que estar disponíveis no momento, na hora, do jeito que o nosso cliente quer.