Alunos de PP e Jornalismo recebem visita de rainha da Irmandade Os Carolinos 

Por Redação Conecta

Reprodução: Redação Conecta

Na última terça-feira, dia 30 de abril, os alunos do primeiro período de Publicidade e Propaganda e Jornalismo da Universidade FUMEC receberam a visita da Rainha de Santa Luzia, Sarah Santos, da irmandade Os Carolinos, uma das mais antigas irmandades do Rosário de Belo Horizonte. A representante do grupo de Congado mineiro é também autora do almanaque intitulado Os Carolinos, em que registra a história, os principais termos utilizados, as vestes, instrumentos entre outras curiosidades sobre a irmandade. 

O encontro, a convite do professor Aurelio Silva, que ministra a disciplina Comunicação e Cultura, teve como objetivo abrir os trabalhos do projeto de extensão deste semestre, que busca iniciar os universitários na pesquisa etnográfica sobre os povos quilombolas. Belo Horizonte tem até o momento, segundo informações do Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva (Cedefes), cinco quilombos urbanos certificados pela Fundação Cultural Palmares (FCP): Luízes, Mangueiras, Manzo Ngunzo Kaiango, Souza e a Irmandade Os Carolinos. Um sexto quilombo, o Mattias, ainda está em processo para conseguir esse status e a proteção que a entidade pública vinculada ao Ministério da Cultura assegura. 

Durante sua visita, Sarah Santos propôs uma roda de conversa com os alunos para, segundo ela, valer-se das mesmas ferramentas utilizadas pelos integrantes das irmandades para transmitir os saberes, história e tradição de geração para geração. “Meus pais me ensinaram através de conversas, do canto, da dança e dos rituais tudo sobre nossa cultura. É pela tradição oral que perpetuamos a história do povo preto”, afirmou Sarah. A Rainha de Santa Luzia chegou à sala de aula cantando e pedindo licença. “Minha mãe sempre me ensinou a chegar nos lugares e, primeiramente, pedir licença.”  

E não foi diferente no restante da dinâmica, os alunos ouviram sobre as origens do Congado, sobre a história de Sarah, sua linhagem na sucessão de coroas, aprenderam alguns cânticos, dançaram ao ritmo do gunga, instrumento composto por uma correia amarrada nas canelas dos dançadores na qual ficam presos alguns guizos que produzem sons; e puderam tirar dúvidas sobre os festejos que louvam Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e Santa Efigênia, santos que deram proteção aos negros durante a escravidão. 

“Acho fundamental para a formação dos profissionais da comunicação, tanto publicitários quanto jornalistas, essa oportunidade de acessarem outras expressões da nossa cultura, diferentes das matrizes de origem. Muitos estudantes dessa turma nunca tiveram contato com o Congado, manifestação cultural e religiosa tão rica, que envolve canto, dança, teatralização e espiritualidades tanto cristãs quanto de matriz africana. Precisamos, como educadores, combater os estereótipos e todo tipo de intolerância”, afirmou o professor Aurelio Silva. 

No final do semestre letivo, os futuros comunicadores sociais irão apresentar os resultados de suas pesquisas junto aos cinco grupos certificados para compreender como esses espaços se originaram na capital mineira, como seus membros sobrevivem e mantêm suas tradições e sua cultura, como se relacionam e compartilham a cultura com os demais grupos urbanos, entre outras descobertas possíveis nesse processo imersivo. Muitas dessas comunidades, compostas por descendentes e remanescentes de escravizados, ainda lutam pelo direito de habitar e fazer parte da cidade e manter seus modos de vida, saberes e tradições. Segundo dados da Fundação Cultural Palmares, Minas Gerais tinha, em 2015, pelo menos 185 comunidades com certificado de autorreconhecimento como quilombola. 

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