MST vai ao TJMG em defesa de ocupação em Lagoa Santa
por Gabriela de Castro
Na manhã dessa quarta feira (13), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) organizou uma manifestação em frente ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais, no bairro Serra. Com o apoio de movimentos sociais como o Movimento Negro Unificado, o Levante Popular da Juventude e o Movimento Brasil Popular, a ação acompanhou a audiência que tratava a situação de um acampamento recém ocupado pelo MST em Lagoa Santa.
A audiência, que busca uma conciliação entre o movimento e os proprietários da terra, foi marcada após uma visita técnica à ocupação pela Vara Agrária de Minas Gerais. Um dos questionamentos das lideranças do movimento é o motivo da abordagem da Polícia Militar, que cercou o acampamento consolidado por mulheres trabalhadoras do campo no dia 8 de março.
José Carlos de Souza, do Movimento Negro Unificado (MNU), ressaltou durante a manifestação o direito constitucional dos trabalhadores rurais sem terra de ocuparem regiões improdutivas: “O que defendemos é o que está na constituição: terra improdutiva tem que estar a serviço da reforma agrária. A maioria dos que estão nas ocupações e estão abandonados pelo Estado somos nós, negros e negras.”
Bella Gonçalves, deputada estadual de Minas Gerais pelo PSOL, também participou do protesto e defendeu os direitos dos moradores do acampamento: “O mais importante hoje é barrar qualquer tentativa de despejo violento em uma terra que estava absolutamente vazia. Se vocês fossem lá (no primeiro dia de ocupação), veriam currais abandonados, um casarão quase destruído e mato para todo lado. Quando voltei na segunda feira, havia tratores plantando árvores e lavrando a terra, despertando esperança não só para Lagoa Santa, mas para todo o povo de Minas Gerais”. Gonçalves, que acompanhou a audiência, se comprometeu a levar a pauta ainda hoje para a Comissão de Direitos Humanos, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
A manifestação foi encerrada após o dirigente estadual do MST, Silvio Netto, anunciar a decisão final da audiência, que foi considerar o território improdutivo e legitimar a ocupação do movimento.