Movimentos sociais exercem cidadania

Por Samuel Fernandes

Reprodução: Banco de imagens Canva.

Os movimentos sociais são ações coletivas que buscam transformar ou preservar demandas, interesses e identidades de diferentes grupos sociais, frequentemente marginalizados ou excluídos do poder político e econômico. No Brasil, diversos movimentos sociais lutam por causas variadas, como a reforma agrária, moradia, direitos indígenas e negros, entre outras. Neste artigo, exploraremos quatro desses movimentos: o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), o movimento indígena e o movimento negro. 

O MST, um dos maiores e mais conhecidos movimentos sociais do Brasil, surgiu na década de 1980, durante a redemocratização do país. Seu principal objetivo é realizar a reforma agrária, distribuindo terras improdutivas para os trabalhadores rurais sem terra. O MST realiza ocupações de terras, acampamentos, marchas, manifestações e outras formas de pressão social para denunciar a concentração fundiária, violência no campo, exploração dos trabalhadores e degradação ambiental. Além disso, o MST desenvolve projetos de educação, saúde, cultura e produção agroecológica nas áreas ocupadas, sendo considerado um movimento social de caráter popular, classista, nacional e internacionalista, por defender os interesses dos trabalhadores rurais, a soberania nacional e a solidariedade entre os povos. 

O movimento que é considerado o maior produtor de arroz do mundo e luta pela reforma agrária no Brasil, mas o que se vê é uma baixa movimentação dos parlamentares para levar essa pauta adiante. O Brasil se vê em uma situação em que a riqueza e a terra estão concentradas na mão de poucas pessoas, a uma luta de cabo de guerra entre os movimentos sociais e os latifundiários sobre a questão da ocupação de terras improdutivas. Movimentos como MST são necessários para mostrar e lutar sobre essa falta de terra bem distribuída e muitas pessoas sem um teto sob sua cabeça.

O MTST, surgido em 1997 como dissidência do MST, é um movimento social que luta pelo direito à moradia digna para os trabalhadores urbanos sem teto. Sua principal estratégia é a ocupação de áreas urbanas abandonadas ou subutilizadas, reivindicando a destinação dessas áreas para a construção de moradias populares, seja através de programas habitacionais do governo ou cooperativas autogestionárias.

O MTST denuncia a especulação imobiliária, segregação espacial, violação dos direitos humanos e criminalização dos movimentos sociais. Caracterizado como um movimento social autônomo, democrático, combativo e solidário, não se subordina a partidos políticos, organiza-se de forma horizontal, enfrentando as forças repressivas e apoiando outras lutas sociais. 

Por mais que existam programas sociais incentivados pelo governo federal como o “Minha casa Minha Vida”, que disponibiliza crédito para que pessoas de baixa renda possa adquirir a tão sonhada moradia, a luta do MTST é de grande importância para que essas moradias cheguem a população com a qualidade que é de direito. O papel desses movimentos é representar aqueles que não têm voz frente ao governo, empresários e autoridades levando e lutando pelas demandas da população.

O movimento indígena, composto por diversas organizações, associações, conselhos e articulações regionais e nacionais, luta pela defesa dos direitos dos povos indígenas no Brasil. Ele reivindica o reconhecimento da identidade, autonomia, história e cultura dos povos indígenas, bem como a demarcação, proteção e gestão de seus territórios tradicionais. Também denuncia violações dos direitos indígenas, como genocídio, etnocídio, racismo, invasão, exploração e destruição de seus territórios. Caracteriza-se como um movimento social plurinacional, intercultural, emancipatório e resistente, afirmando a existência, diversidade, dignidade e luta dos povos indígenas. 

O movimento negro, composto por diversos coletivos, entidades, organizações e movimentos, luta pela valorização e igualdade dos negros e negras no Brasil, atuando em áreas como educação, cultura, saúde, religião, política e economia. Ele reivindica o combate ao racismo, discriminação, violência e exclusão que afetam a população negra, promovendo cidadania, participação, representatividade e afirmação da identidade negra.

O movimento negro denuncia o legado da escravidão, colonialismo, capitalismo e patriarcado na sociedade brasileira, geradores de desigualdades, injustiças, opressões e silenciamentos. Trata-se de um movimento social antirracista, feminista, anticolonial, anticapitalista e libertário, lutando por uma sociedade mais justa, democrática, plural e emancipada. 

Essa definição mostra o que é realmente o movimento negro, a força desses movimentos fez com que pessoas pretas começassem a ocupar lugares que nunca foram ocupados antes. O movimento conseguiu abrir os olhos dos governantes para a implementação e valorização da política de cotas que levaram pessoas pretas à universidade. Esses movimentos atuam no apoio e orientação de jovens negros, desenvolve cursos preparatórios para vestibulares e para o Enem, abrindo mais oportunidades para que essas pessoas ingressem a uma universidade pública ou consigam bolsas nas particulares. 

Os movimentos sociais, expressões da cidadania ativa, participação popular e transformação social, contribuem para a construção de uma sociedade mais democrática, diversa, solidária e sustentável. São também fontes de conhecimento, cultura, resistência e esperança. Portanto, é importante conhecer, respeitar, apoiar e integrar os movimentos sociais, pois são parte essencial da história, política e sociedade brasileira.