Torcida única: clubes questionam e torcedores opinam

Por Arthur Mesquita e Samuel Fernandes 

Erguer a bandeira do clube do coração mostra amor ao time e ao fato de torcer, a batalha nas arquibancadas feita pelas duas torcidas abrilhantam o clássico. Fotos: Ricardson Dias e Henrique Gil. Torcedores de Cruzeiro e Atlético no estádio mineirão agitam bandeiras.   

Os incidentes do último clássico entre Atlético e Cruzeiro, realizado na Arena MRV, no dia 22 de outubro, tem gerado a discussão sobre a possibilidade de os futuros confrontos entre os clubes serem realizados com torcida única. Com a inauguração da nova arena do Atlético e o Mineirão tornando-se a “casa” do Cruzeiro, os duelos entre as equipes mineiras passarão a ser disputados em seus respectivos domínios.

Após o primeiro clássico na nova Arena MRV, com a vitória do Cruzeiro por 1 a 0 sobre seu grande rival na casa do Galo, em partida válida pelo Campeonato Brasileiro, o duelo ficou marcado por confusões dentro de campo, nas arquibancadas e nos bastidores, aumentando ainda mais a chance de que os próximos clássicos tenham somente torcedores do clube mandante.

O Atlético relatou que o clássico resultou em um grande prejuízo para o clube e a arena, em sua página na rede social Twitter/X . “Falta de respeito é isso. A torcida adversária quebrou todas as catracas do portão 20, danificou mais de 150 cadeiras, alarmes dos banheiros de PCD e câmeras de segurança. Além disso, dezenas de vasos foram entupidos de forma proposital e as equipes de limpeza foram ameaçadas de forma covarde. As medidas tomadas pelo Atlético antes do clássico tentaram minimizar atitudes como essas.” 

Segundo Bruno Muzzi, CEO do Atlético, as depredações no primeiro clássico disputado na Arena causaram danos significativos, incluindo cadeiras, banheiros, catracas e câmeras danificadas. Ele afirmou que as medidas de prevenção adotadas pelo clube, como a remoção de portas e itens dos banheiros e a proibição da venda de cerveja com álcool, foram necessárias diante das ameaças de violência postadas nas redes sociais.

Muzzi também manifestou a intenção de realizar o próximo clássico na Arena MRV com torcida exclusiva do Atlético, evitando a presença da torcida visitante. Ele ressaltou que o clássico com 10% de torcida visitante é uma preocupação, e absorver todos os prejuízos é uma tarefa difícil. 

Do lado do Cruzeiro, o clube celeste publicou em seu Twitter/X, que faltou respeito por parte do Atlético com o torcedor do Cruzeiro. 

“DESRESPEITO COM O NOSSO TORCEDOR! O Cruzeiro condena veementemente a atitude do Clube Atlético Mineiro e Arena MRV na partida deste domingo. Foram identificadas diversas atitudes que além de descumprir a Lei Geral do Esporte e incitarem a violência, ferem a boa-fé e o espetáculo do futebol. Notificaremos oficialmente todas as esferas e órgãos públicos para que tomem ciência dos fatos ocorridos, bem como recomendamos que os nossos torcedores, ora consumidores na Arena MRV e que se sentiram lesados na forma do Código de Defesa do Consumidor, procurarem os seus direitos junto ao Poder Judiciário e ao Procon-MG.”

Quanto à polêmica de os clássicos serem disputados com torcida única ou não, o Conecta apurou o que dizem os torcedores sobre o assunto.

Sabrina Neri, torcedora do Cruzeiro, defende que o clássico seja disputado meio a meio: “Se eu for considerar os últimos acontecimentos, seria contra ter as duas torcidas no clássico, mas prezando os direitos que o torcedor tem, e o espetáculo que o clássico é, pela história, teor do jogo. Sou favorável a 50/50. Mais fácil de organizar e manter a segurança, diminui os desafios logísticos, aumento de receita, não vai tirar a liberdade dos torcedores.” 

Já para Henrique Gil, torcedor do Atlético, a torcida única é um caminho sem volta: “Eu acho que o futuro, infelizmente, é a torcida única. As torcidas em si não estão preparadas para meio a meio como já foi antigamente e 10% acaba gerando tudo, era o último clássico, é uma falta de respeito por parte do Atlético e uma falta de respeito da torcida do Cruzeiro que foi uma reação ao que o Atlético fez também, mas principalmente com essas arenas próprias, eu acho que torcida adversária não tem que ir no estádio no campo, infelizmente, porque o poder público não tem capacidade de lidar.”