Outubro Rosa: campanha é fundamental para combate ao câncer de mama

Por Vitória Figueiredo

Foto: Flickr/Creative Commons

Primeira causa de morte de mulheres por câncer no Brasil (15 mil vítimas por ano), segundo o Instituo Nacional do Câncer (Inca), o câncer de mama é, também, o tipo de tumor que mais atinge o sexo feminino em todo o mundo. Em 2023, mais de 73 mil casos da doença foram estimados no país. A doença tem maior incidência nas regiões Sul e Sudeste.

O câncer de mama compreende uma multiplicação desenfreada das células mamárias, que podem se tornar um tumor maligno. Os principais sintomas são nódulos na mama, axilas ou pescoço (caroços fixos e indolores); pele mamária retraída, avermelhada e com textura semelhante a uma casca de laranja; e saída de líquido pelos mamilos, que ficam encolhidos.

A cada cinco casos de câncer de mama, quatro ocorrem após os 50 anos. Além da idade, outros fatores de risco são alcoolismo, tabagismo, sedentarismo, obesidade, histórico familiar de câncer de ovário e de mama, alteração genética, especialmente nos genes BRCA1 e BRCA2, dentre outros.

Diagnóstico

O autoexame consiste na observação das mamas pelas mulheres e é fundamental para a detecção de nódulos ou alterações. Caso a pessoa identifique um nódulo, deve procurar um profissional de saúde, que dará o diagnóstico. 

Outros exames também são importantes. A mamografia de rastreamento deve ser feita por mulheres entre 50 e 69 anos, a cada dois anos. Tem como objetivo detectar cânceres antes do surgimento de nódulos palpáveis. Anualmente, mulheres de 40 anos de idade, ou mais, precisam realizar o exame clínico das mamas. Ultrassonografia e ressonância magnética podem confirmar se o carcinoma está ou não presente. 

Se a doença for descoberta em fases iniciais e o tratamento, iniciado rapidamente, cresce a chance de cura e de tratamentos menos agressivos. Um em cada três casos pode ser curado, se descoberto no início. 

Foto: Ministério da Justiça e Segurança Pública

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Campanha

Considerando a importância dos exames preventivos e a necessidade de conscientização sobre o câncer de mama, a campanha “Outubro Rosa” foi criada em 1990. O objetivo é ampliar o acesso das mulheres aos diagnósticos e tratamentos, disseminar informações sobre os cânceres de mama e de colo de útero e, por consequência, colaborar com a redução da mortalidade. 

Para a médica ginecologista e obstetra, Maria Tereza Silveira Moreira, que cursa a residência médica em Mastologia, o Outubro Rosa é importante para o bem-estar das mulheres: “Um mês dedicado à prevenção e tratamento do câncer de mama é muito interessante”, ressalta.

“A campanha faz a mulher  conhecer a si mesma e ao próprio corpo. Além disso, estimula que a paciente procure serviço de saúde para prevenção e diagnóstico”, explica Moreira.  “O Outubro Rosa proporciona informação a quem não tem um estudo ou não teve uma orientação sobre o câncer de mama antes.”

SUS

De acordo com o INCA, a concentração de mamografias de rastreamento na faixa etária alvo, de 50 a 69 anos, vem aumentando: em 2012, apenas 52,8% das mamografias de rastreamento realizadas pelo SUS, no Brasil, foram em mulheres de 50 a 69 anos, enquanto em 2022, esse percentual chegou a 65,9%. 

Para a médica, a campanha e o SUS foram essenciais para esse aumento: “Houve a ampliação da Atenção Primária do SUS, facilitando o acesso da população ao serviço de saúde e aos exames de rastreamento”, esclarece. “A Campanha estimula as mulheres a procurarem o serviço para solicitação de tal exame”. 

Rastreamento 

O rastreamento do carcinoma na idade de 50 a 69 anos é capaz de reduzir a mortalidade por câncer de mama. Por isso, é necessário ampliar a cobertura de exames na faixa etária alvo. De acordo com Moreira, um acesso maior aos diagnósticos poderá garantir o rastreio da doença: “O rastreamento não conta apenas com a mamografia, requer também o exame clínico das mamas, feito pelo médico”, informa. 

“O acesso ao serviço de saúde deve ser garantido à população e os profissionais devem ter formação e treinamento constantes para identificarem alterações nas mamas e axilas”, ressalta.  “É preciso não só divulgar a idade certa para fazer os exames, mas também disponibilizar o serviço para a paciente”, salienta.  “São necessários mais aparelhos para exames (mamógrafos) e distribuição adequada pelo território”, finaliza. 

Importância 

Em 2018, a administradora Simone Veloso entrou na menopausa e realizou exames de rotina, além de uma biópsia, que constataram um carcinoma na mama. Período da última menstruação, a menopausa ocorre entre 45 e 55 anos, faixa etária mais propensa a desenvolver câncer de mama.

Para Veloso, 56, a campanha é fundamental. “O Outubro Rosa tem muita importância, é um marco”, ressalta Veloso. “Deveria ser uma campanha sem sazonalidade”, comenta.  Ainda em relação à conscientização, a administradora acredita que a mídia deveria adotar outra postura em relação à doença: “Deveria ter uma divulgação maior e mais veiculação sobre o assunto, colocar relatos de pessoas que passaram por isso, mostrando a experiência do próximo, a experiência humana”, afirma. 

Simone Veloso acredita que o Outubro Rosa é benéfico para o combate ao câncer de mama / Foto: arquivo pessoal

Apoio

Veloso fez quimioterapia oral durante cinco anos e, atualmente, está livre da doença. O acompanhamento médico continuou após o tratamento, para monitorar o aparecimento de novos carcinomas. Para ela, além da assistência médica, ter acolhimento e fazer atividades que deixem a pessoa bem-disposta são fatores que também auxiliam na luta contra o câncer de mama. 

“Quando nos deparamos com esse diagnóstico, ficamos muito vulneráveis, sensíveis,  fragilizados. A presença de amigos, parentes, familiares, de qualquer pessoa que venha somar com você,  te dar apoio e conforto, é fundamental”, enfatiza. 

“Durante o tratamento, é muito importante você fazer o que gosta: leitura, algum tipo de terapia, academia, exercícios, encontro com amigos…”, aconselha. “Algo diário, que ocupe a sua mente, para que você não fique o tempo todo voltado para a doença e para o negativismo que esse diagnóstico traz”. 

A doença fez a administradora aprender lições sobre a vida. “Depois desse diagnóstico, você entende que não tem mais controle das suas programações para o futuro”, comenta.  “Sempre penso: eu não tenho oportunidade de viver duas vezes.  Se tenho que viver hoje, vou viver hoje”, finaliza.