Bienal Mineira do Livro: recorde de participação, com foco na democratização do acesso

Bienal homenageou o mineiro Guimarães Rosa, um dos principais autores da literatura brasileira
Foto: Isabella Ferreira

Por Isabella Ferreira e Melissa Monteiro

A Bienal Mineira do Livro voltou ao cenário cultural de Belo Horizonte alcançando recorde de público de 350 mil visitantes, com 116 estandes expostos e participação de 67 empresas e 513 editoras. O evento realizado no Centerminas Expo, entre os dias 3 a 10 de maio, reforçou a importância da inclusão social, democratização ao acesso à leitura e fortalecimento da literatura de Minas Gerais. 

O ex-estudante de Jornalismo da Fumec e escritor Pedro Henrique Oliveira Pereira (Pedrinho Phop) marcou presença no evento, com suas obras, “Phop (e Verso)” e “Para Cadu: 10 anos de memórias e reflexões” em um estande como autor independente.

Com programação voltada desde o público infantil aos leitores mais experientes, o evento buscou se reposicionar como um dos palcos literários do país. O retorno da Bienal tem um significado simbólico para o setor editorial mineiro que sofreu com os impactos da pandemia e ausência de políticas culturais consistentes nos últimos anos.

Para muitos, a conexão com o escritor foi o grande interesse, para outros, a procura de conhecimento o motivo da presença no evento. A professora do ensino básico, Hagata Santos, e a escritora do livro “Meu Seriado Britânico”, Tatiana Barroso, contam ao Conecta a seguir o que significou participar desta edição.

Guimarães Rosa 

O homenageado desta edição é o escritor Guimarães Rosa, um dos nomes mais importantes da literatura brasileira ligado à cultura mineira. O diplomata e romancista é autor de obras como “Grande Sertão: Veredas” e “Sagarana”.

A identidade mineira esteve presente nos corredores da Bienal, com a presença também de autores independentes do estado, gerando visibilidade para quem nem sempre encontra espaço nas grandes vitrines. Além disso, foram contratados três profissionais com experiência no setor cultural para selecionar autores e palestrantes, apostando em nomes consagrados, autores em ascensão e personalidades midiáticas que dialogam com diferentes públicos.

Autores discutem desafios e perspectivas da edição de livros
Foto: Isabella Ferreira

Mais do que uma feira de livros, a Bienal Mineira se apresentou como um projeto de formação de leitores. Além das atividades infantis e venda de livros, a programação contou com rodas de conversa, lançamentos, sessões de autógrafos e mesas temáticas que abordam temas relevantes da atualidade.  A proposta foi priorizar a inclusão, tanto em termos de acesso ao evento, quanto em relação ao conteúdo oferecido. Com isso, escolas da rede pública foram convidadas a levar seus alunos, possibilitando que alguns visitassem um evento literário pela primeira vez. 

“Queremos formar leitores, não apenas vender livros. A prioridade é trazer boas editoras, bons títulos e criar uma experiência de encantamento desde a infância”, afirmou o organizador Humberto Paes Leme, que detalhou as metas da edição da Bienal, ressaltando a importância do evento para o fortalecimento da cadeia literária mineira.

A parceria com iniciativas como o projeto Elicer, que busca democratizar o acesso ao livro em diferentes regiões do estado, mostra que o evento se alinha a um esforço maior de valorização da cultura como política pública. “A literatura é um direito. Nós não queremos um evento apenas para a elite, mas para todos. Nosso objetivo é aumentar ao máximo o número de leitores e garantir que jovens e crianças tenham contato com o livro desde cedo”, afirmou Leme que destacou o recorde no alcance de público e participação do setor.

Denúncia

Debate: livros “Não me toca, seu boboca” e “Faca de ponta” geraram reflexão sobre impacto de abusos na infância
Foto: Isabella Ferreira

No último dia 9, as escritoras Érica Toledo, jornalista e autora do livro “Faca de Ponta”, e Luzia Inês, autora de livros infanto-juvenil, discutiram como a ficção pode ser um instrumento de denúncia e conscientização sobre o abuso sexual, já que, para muitos, ler sobre o assunto pode ser um “gatilho”. O debate foi mediado pela editora Rosana Mont’alverne. No vídeo a seguir, Érica comenta sobre a relevância desse tema na literatura. 

Saiba mais sobre o evento:

Pedrinho Phop na Bienal: “sonho realizado”

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