Mês das crianças retoma atividades lúdicas em BH

Por Ana Luiza Guastaferro, Isadora Dias, Izabela Moura e Jeovana Almeida

No mês de outubro, as atividades lúdicas voltam a se destacar como ferramenta essencial para o desenvolvimento emocional, cognitivo e social na vida das crianças. Com eventos e iniciativas focadas no brincar, o mês dedicado aos pequenos promove momentos de criatividade e bem-estar, resgatando a fantasia e a diversão como parte fundamental do aprendizado.
O Museu dos Brinquedos de Belo Horizonte, por exemplo, enfatiza, ao longo do mês, programações especiais que incluem oficinas artísticas, espetáculos teatrais e brincadeiras, como apresentação de teatro e músicas, assegurando o mundo mágico da infância e proporcionando um mergulho na fantasia do brincar.

Chapeuzinho Vermelho é atração do Museu dos Brinquedos no mês das crianças
Foto: @museudosbrinquedos / Espetáculo: @copaproducoes

O lúdico em um mundo digital

De acordo com a psicóloga infantil, Priscila Gotelip, o lúdico exerce um papel vital na infância, facilitando o desenvolvimento de habilidades emocionais e cognitivas. “O brincar é fundamental para o desenvolvimento infantil. Por meio de jogos e atividades lúdicas, as crianças não apenas se divertem, mas também aprimoram habilidades essenciais, como a coordenação motora, a criatividade, a imaginação e a interação social.” Gotelip reforça que essas experiências fortalecem conexões neuronais e constroem uma base sólida para o aprendizado futuro.
A especialista também relata que é um grande desafio manter um espaço lúdico em um meio cada vez mais digital que priva a criança do desejo de brincar. “É responsabilidade das famílias proporcionar um espaço lúdico para essa criança se desenvolver, assim também as escolas devem fazer, principalmente as que trabalham com educação infantil”.

A importância das histórias


É relevante também abordar o papel crucial das histórias e contos nesse resgate do lúdico. A Orquestra Ouro Preto apresentou no último dia 20, no Sesc Palladium, o espetáculo “O Pequeno Príncipe”, baseado na obra de Saint-Exupéry.
A contadora de histórias, Dinda Conta, relata como as narrativas estimulam a imaginação das crianças, permitindo que elas criem seus próprios contos de fadas e reinos mágicos. Além disso, o contato com o mundo lúdico e as histórias ajudam a abordar temas complexos, como no caso de uma criança que expressou o medo da perda de uma amiga doente durante uma de contação de histórias.
“Ao final do evento, conversei com a mãe dele (da criança) sobre o que tinha acontecido porque estava curiosa, e ela contou que o filho estava com uma colega com câncer terminal, e que isso provavelmente foi a forma dele expressar o medo de perder a amiga”, menciona Dinda.

Orquestra Ouro Preto estimula imaginário das crianças através de show de fantoches
Foto: Rapha Garcia / @orquestraouropreto @raphagarcia

Projetos sociais


Além dos eventos que provocaram o imaginário das crianças, a atuação de projetos sociais e a legislação de proteção à infância reforçam a importância de garantir o direito ao brincar. A orientadora educacional do Projeto Querubins, Mércia Corrêa, ressalta que, em comunidades carentes, a principal dificuldade não é atrair as crianças, mas sim garantir a presença de voluntários que possam facilitar as atividades recreativas.
Corrêa destaca que, apesar da simplicidade das brincadeiras, a interação e a autonomia que essas atividades proporcionam às crianças são fundamentais para o seu desenvolvimento. “Saúde, socialização, liberdade de expressão, autonomia e muita alegria, promovendo a formação de uma pessoa com inteligência emocional e resiliência para desafios da vida adulta”, responde Mércia sobre os benefícios das brincadeiras ao ar livre.

O retorno do lúdico brilha através da Oficina de Arte do projeto Querubins, estimulando a expressão artística dos pequenos. 
Foto: Ana Luiza Guastaferro / @projeto.querubins

O lúdico e a lei

Paralelamente, a advogada Miriane Francielle também ressalta a relevância DA legislação a respeito do lúdico na infância, abordando o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que garante o direito à educação e ao lazer. “O ECA diz que a criança e o adolescente tem direito à educação e também ao lazer, sendo assim, porque não transformar o “lazer” em uma forma de melhorar o aprendizado?” Especialistas de diferentes áreas concordam que o brincar é uma linguagem que promove conhecimento e fortalece vínculos sociais.

Em um mundo cada vez mais digital, a retomada do lúdico se faz necessária para que as crianças possam se desenvolver de forma íntegra, com momentos de criatividade, alegria e interação real. As celebrações de outubro são um lembrete da importância de criar futuros cidadãos empáticos e felizes, ao mesmo tempo em que se revive, nos adultos, a época em que seu “cavalo só falava inglês”, como canta Chico Buarque em “João e Maria”, música que se passa sob a ótica lúdica das brincadeiras infantis.

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